Servidores da STI/UFPI pedem SOCORRO! Nós, servidores técnicos administrativos lotados na STI, pautados pela Lei Nº 8.112/90 regime jurídico único, pelo Decreto Nº 1.171/94 código de ética profissional do servidor público e pela Res. CONSUN 49/2021, sabemos que não é de hoje que os investimentos em Tecnologia da Informação (TI) têm sido drasticamente reduzidos e adiados na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Nesse sentido, gostaríamos de ressaltar que chegamos a uma situação crítica e que pode ter consequências catastróficas para nossa universidade. Por isso, pedimos que leia com atenção esta carta e que a compartilhe o quanto puder.
Indiscutivelmente, a STI é um dos setores fundamentais para o funcionamento desta instituição. É fato que a quase totalidade das operações acadêmicas ou administrativas são realizadas em algum momento a partir de algum recurso de tecnologia da informação. Criamos, mantemos e aprimoramos todos os sistemas em uso na Universidade. Somos os guardiões de quase todos os dados produzidos e/ou recebidos pela instituição, os quais todos os demais setores e atores da UFPI demandam. Apesar disso, temos uma quantidade de pessoal insuficiente e frequentemente desrespeitada.
Mesmo diante de todas as dificuldades, nos esforçamos para garantir o cumprimento de nossas tarefas, tanto quanto possível, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem, conforme nos orienta a Seção II do Decreto Nº 1171/94. Entretanto, já não é mais possível garantir isso pelo esforço desse aguerrido time, que tem o máximo respeito pelo trabalho que executa e pelos usuários que atende, mas que superou seus limites o quanto pôde, antes de chegar ao ponto atual, onde não podemos mais esperar. Pedimos publicamente por socorro!
Na contramão dos avanços tecnológicos e de sua necessidade no dia a dia, os investimentos em nosso setor têm diminuído ano após ano. Enquanto isso, as demandas por TI só têm aumentado, não somente em nossa universidade, mas em toda sociedade. Inclusive vemos, agora, durante a campanha eleitoral para os cargos de reitora e vice, várias propostas que ampliam esse cenário, impondo ainda mais exigências de TI para a universidade.
Nós acreditamos na tecnologia como um fator de máximo impacto na eficiência, eficácia, transparência e na democratização no serviço público. Assim, defendemos, muito mais que quaisquer outros, que TI é essencial para nos mantermos competitivos e integrados ao mundo em que vivemos. Contudo, esperamos que isso venha com reconhecimento e respeito aos profissionais que trabalham arduamente! Não podemos mais esperar nem nos silenciar, pois as consequências poderão ser comprovadamente irreversíveis! Estes são os motivos que nos trouxeram a este documento e à busca de um diálogo com a comunidade universitária e com a sociedade como um todo.
É válido relatar que, nos últimos anos, vários contratos de equipamentos e serviços chegaram ao fim sem que novas contratações fossem feitas ou mesmo planejadas, mesmo diante dos esforços das nossas coordenadorias em comunicar antecipadamente a necessidade e urgência de cada demanda. Lembramos, por exemplo, o caso das falhas do serviço de Wi-fi, que se tornaram públicas quando a rede parou de funcionar por quase uma semana. Situação que suscitou uma nota de esclarecimento, sem comprometimento com a verdade, publicada na página oficial da UFPI e que não fora elaborada pelo corpo técnico da STI, explicitando mais uma vez o desrespeito à equipe.
Além disso, a infraestrutura elétrica é antiga e não recebe a devida atenção há anos, o que nos coloca até mesmo em risco de vida. Só no período dos últimos doze meses foram três panes elétricas, que desligaram toda a energia da STI, sendo uma delas ocasionada pelo fato de que os fios elétricos estavam submersos em água, o que resultou em curto-circuito além de superaquecimento e o risco de incêndio. O sinal de que estava acontecendo algo grave foi dado pelo fato de que a fumaça se acumulava nos dutos e caixas de passagem da fiação, colocando em risco quem passava por perto. Além da STI ter problemas com o fornecimento de energia, também não possui capacidade de produção própria (gerador) suficiente para atender às necessidades, uma vez que o gerador possui autonomia de apenas oito horas, não suportando, portanto, qualquer período superior a isso (fins de semana e feriados prolongados).
Não bastasse tudo isso, o prédio tem uma estrutura precária, com bancadas sem ergonomia, ausência total de saída de emergência, forro inadequado e inseguro e, além de outros problemas, instalações de ar-condicionado inapropriadas que incide em goteiras internas até mesmo dentro do datacenter. Vale ressaltar que a fiação elétrica desta sala fica abaixo do piso elevado. A título de ilustração, o que impede que os vazamentos de água oriundos da refrigeração deficitária chegue até essa fiação é um balde de plástico, que precisa ser esvaziado de tempos em tempos, para que não transborde.
Não dá mais para esperar! Se a STI não se tornar uma prioridade para a UFPI, nossa instituição pode simplesmente parar a qualquer momento ou perder dados de forma definitiva, o que seria uma verdadeira catástrofe. Já imaginou não termos as informações sobre quem já foi diplomado? Ou sobre qual foi a nota do semestre passado? Ou não ter as informações de contabilidade disponíveis? Ou ainda não saber quais projetos estão em execução? E se ocorrer um incêndio e alguém se ferir?
Com base nas informações aqui compartilhadas e outras que não podemos divulgar publicamente, propomos:
1. A STI precisa ser tratada como estratégica, o que implica que o superintendente tenha assento nos conselhos;
2. O superintendente, não deve ser uma pessoa completamente externa aos trabalhos da STI, baseado apenas em critérios políticos, pois isso resulta em morosidade, atrasos, falhas e, pior, perda do conhecimento acumulado. Preferencialmente, escolhido com a anuência da equipe da STI;
3. Os coordenadores da STI devem ser, exclusivamente, Analistas ou Técnicos de TI lotados na STI, também escolhidos com a anuência da equipe;
4. O orçamento da STI deve ser prioridade em relação a tudo quanto seja possível. É claro que entendemos que a disputa por orçamento é política e tem que ser discutida a cada tempo, mas é preciso sempre manter em mente a questão: “se a STI parar por falta de recursos, meu setor continuará funcionando?”
5. Os planos estratégicos devem ser feitos com base na realidade do setor e da instituição. Devem ser seguidos com máximo rigor, pois não basta manter os esforços, quando se trata de TI. Não acreditamos que a participação das tecnologias nas nossas vidas deve diminuir, senão continuar aumentando vertiginosamente e precisamos de planejamentos que considerem isso como essencial;
6. A relação das pós-graduações com o setor de TI deve se tornar orgânica. Acreditamos que a pesquisa pode ajudar muito a resolver problemas da nossa universidade, por isso defendemos que os setores administrativos devam estar em estreita ligação com a pós-graduação para unir esforços na construção da excelência em resultados de ambos os lados;
7. A mudança da forma de gestão para uma gestão baseada em projetos;
8. A reativação do Comitê Gestor de Tecnologia da Informação e Comunicação e a implantação de todos os mecanismos de controle que se fazem necessários à continuidade dos serviços de TI (plano de continuidade, gestão de riscos, gestão de contingências, gestão da qualidade…).
Portanto, enquanto não forem satisfeitas as condições mínimas de funcionamento seguro e eficaz, como a solução definitiva do problema elétrico (gerador, nobreaks, instalação elétrica geral, refrigeração adequada do datacenter) nós da STI comunicamos a paralisação dos nossos serviços, reforçando o movimento grevista nacional dos TAEs (ainda que as pautas aqui elencadas não estejam diretamente vinculadas).
Diante do que aqui expomos, conclamamos à comunidade acadêmica a abraçar nossa causa, reconhecendo a indissolubilidade da TI com o futuro da instituição, unindo-se à nossa voz e corroborando com nosso pedido de socorro em busca de melhores condições de trabalho, infraestrutura adequada e oferta de serviços essenciais para o amplo e total desempenho da UFPI.
Atenciosamente, Servidores da STI.
Teresina, 26 de abril de 2024.